quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Poema IV - Bosque Molhado

Aqui estava a buscar algum sentido para meus dias na beleza do mundo natural, mas enlouquecendo em minha depressão...
Um coração angustiado e empedernido era a minha marca.
Foi um período muito triste de minha vida...

Do caderno mais uma folha arrancada,
Atirada ao cesto de vime.
No piano, breve nota gorada,
Que intendeu a soar sublime.

Pela janela, solo forrado.
Laranja-terra e os galhos.
Folhas de maple e carvalhos
Frente ao atalho
Recôndito.

E as brumas.

Ai de mim, nesse quarto
E pela fresta,
Por onde me tocam
Covardes ventanias,            (opressão demoníaca)
Silêncio oculto da floresta,
Por que tardas em
Demasia?

Demoram-se as folhas a cobrir
O chão.
Relevam a angústia do meu coração
Enevoado,
Empedernido, seixo incrustado       (sem esperança)
Em rochedo incorrompido.
Como o abalo das árvores que
Não se iniciou.
E a luz solar que não irrompeu.
Nem a aurora,
Não irradia como outrora,
Quando os verões mediavam              (tristeza)
As estações.

Rindo da velha vassoura
De palha, e do balanço enferrujado,     (loucura)
Bailando ao vento, o assento
Molhado,
D'orvalho a respingar
Do arbusto folhento.

Pingos e lágrimas
Clorofiladas; encerram segredos,
Umedecem o tempo.

Frente ao balanço, no banco de pinus,
Gotas e cores
Esmiuçadas.
Refletidas do laranja, vermelho e
Castanho.
Ah, floresta caducante.
Abriga ela, com o abraço
Frondoso, também os galhos
Do cervo saltitante.

Alaranjado chão de decadência
Outonal.
Esplendor de consciência a zombar         (sentimentos confusos)
Do amor.
Estalam passos ressequidos,
Errantes,
Enquanto rumo ao carvalho principal.

Sem poesia, a partitura pertinente.
Toca o violino suavemente.
Range o balanço
Sem criança,
No abandono.

Velha apatia, amiga serviente.
Olhar que silencia e consente.        (vigilância maligna)
O chá das cinco
E, na janela
Outro outono.

Lúcia R. Pastorello e Silva - setembro/2009





domingo, 20 de setembro de 2009

Poema III - Ânsia

Aqui eu estava confusa a respeito da vida, e também acerca da ideia de Deus...
Eu queria falar de Deus nesse poema, e encontrá-lo, mesmo sem conhecê-lo!
Talvez o que eu estivesse querendo alcançar com estas palavras fosse a paz que excede todo entendimento (Filipenses 4:7), que só pode vir do Senhor, e o batismo do Espírito Santo...
Mas como eu saberia na época?
O Evangelho nunca havia sido pregado para mim...

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero um lugar ao sol
Onde possa me sentir mortal
E cantar junto a meus irmãos.

Quero celebrar esse mistério,
Correr os campos, ser corcel selvagem,
Sobrevoá-los como a águia esbelta,
Deles viver como a gente da terra,
Plantar o fruto e colher a vida
Nos cemitérios das gerações.

Quero o suor do trabalho
A dor do parto
O choro da criança
O êxtase da carne
A cicatriz da luta
A paciência do monge
O halo da santidade.      (ansiava por santidade)

Eu quero o belo, eu quero o santo
A ânsia da juventude
O limite da decrepitude
O orvalho da flor mais bela
O cimo da serra
Um refúgio para descansar     (esse refúgio é Jesus Cristo)
Água pura da bica gélida
O âmago das camélias
O arrepio do vento
Vindo dos monastérios.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero rir-me das contradições
Quero a chave do jardim secreto
Andar no teto, voar no abismo
Quero o branco da pomba divina     (desejo pelo Espírito Santo)
A vida curta da parafina
Eu quero o toque dos dedos mornos
O quente
O frio
O fôlego da vida.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero o canto do violoncelo
O paladar do beijo cálido
O desespero do naufrágio
Contemplar a pureza magna
Do altar da vida,
Sangue e ferida.          (o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado)
Sopro doce da visão onírica
Hálito novo de chuva no solo
Chão fértil, colheita pródiga
Anunciação de um novo mundo.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero o badalar dos sinos,
Os vitrais da catedral
O sussurro dos cânticos
A seriedade do réquiem
A aquarela do pôr-do-sol.

Quero descansar nessa terra
Em que o trigo se esfarela
Gravar a verdade nas pedras     ("eu sou o caminho, a verdade e a vida" - Jo 14:6)
Para orientar os eremitas.  (espalhar a verdade)

Quero um lírio branco entre as mãos
O refrão do coral dos anjos          (os anjos existem para louvar a Deus)
Quero o suspiro do amor recôndito
A mudança das estações
O segredo que move o mundo,
Eu quero.

E tudo e nada não é suficiente
No entoar de minha canção premente, eu digo
Sem nenhum pesar ou espanto:
Eu quero o belo, eu quero o santo.

Lúcia R Pastorello e Silva - setembro/2009



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Poema II - Nobres Cavaleiros

Desde jovenzinha, sempre achei que não pertencia a este mundo...
Hoje em dia, tenho certeza de que não pertenço mesmo!
Desde essa época eu valorizava os princípios cristãos...
Só não conhecia a Deus, o autor desses princípios!

Este lugar é para você, nobre cavaleiro, que outrora, em épocas de grande glória, lutara corajosamente pelos seus ideais, com a nobreza e generosidade dos cavaleiros da távola do Rei Arthur.
Não, este não é seu mundo. 
Os valores verdadeiros foram esquecidos. 
Laços de amizade e honra, subestimados. 
Onde estão os corações valentes, os defensores da justiça e da paz? 
Onde estão os corteses cavaleiros com suas reluzentes espadas, sempre dispostos a defender os frágeis e oprimidos? 
Foi-se o tempo em que a palavra de um homem valia mais do que qualquer tesouro,
Foi-se o tempo em que vivíamos gloriosamente, valorizando apenas fatos essenciais da vida. 
Você se sente isolado neste mundo de aparências e procura verdadeiros amigos. 
Está atrás de um ideal de lealdade que há muito foi ignorado. 
Venha caro cavaleiro, sente-se à nossa mesa. 
Falemos de sonhos triunfantes. 


Lúcia R. Pastorello e Silva - setembro/2009



domingo, 6 de setembro de 2009

Poema I - Alva Outonal

Este é um dos poucos poemas que fiz quando adolescente...
Uma cruel depressão estava por surgir em minha vida.

É triste ver o romper d’alva
Entre as brumas turvas do outono,
Sentir vir dos alpes as lufadas
Trincando minh’alma vazia, que enfadonho.

Junto delas a eflorescência cessa,
As ervas soltam lânguidos lamentos,
O orvalho cobre o chalé e começa
A súplica pelo estio, alegres tempos.

Meu coração, já fadigado, dilacera,
Ao ouvir os lúgubres uivos telúricos,
O agonizar vindo do centro da Terra
Quando toco frutos de pomares rústicos.

E, nesse hesitar, a mente é cega,
Vacila por entre brisas, estonteante,
Se o romantismo outoniço nega,
Sabe da dor de uma alma errante.

Lúcia R. Pastorello e Silva - setembro/2009




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...ergo sub specie aeternitatis.

...I think under the aspect of eternity.

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