SOBRE A A GRAÇA DE DEUS E A
VIDA ETERNA
A cada dia, o Senhor tem me
mostrado o quão grande, misericordioso e sábio ele é, e tenho visto o quão
pequena, precipitada em julgamentos e limitada em sabedoria eu sou. Glória a
Deus por isso, pois nossa injustiça e infidelidade confirmam a justiça e a fidelidade do Senhor (Romanos 3:3-6), e, se somos infiéis em nosso proceder,
ele permanece fiel no dele (2 Timóteo 2:13).
Sim. Pois Ele é Deus.
Esta semana passada foi, sem
dúvida, marcante em minha vida.
Fui visitar dois enfermos
terminais. Uma tia-avó muito querida, e o tio de uma amiga.
O tio de minha amiga, que
teve dois AVCs, fui ver duas vezes: uma em sua casa e, a última, na CTI neurológica
da Santa Casa. Ele já estava em estado grave.
Antes disso, tinha orado em
minha casa, de forma intensa, por ele, e o Senhor testemunhou em meu espírito
que o recolheria em breve. Em seguida, deu-me direção para ir ministrar a
presença e o perdão de Deus a ele, com base em trechos do Salmo 25.
Uma vez tendo recebido tal
orientação de Deus, não sosseguei até ir visitá-lo, pois temia que não desse
tempo de prepará-lo para a vida eterna. Mas o Senhor cuidou de tudo e
providenciou a ocasião.
(...)
Estou cada vez mais
acostumada a essas situações.
Jesus me fortalece. É como se
eu deixasse minhas fraquezas de lado, nessas horas, e fosse levantada pelo
próprio Espírito para dizer o que é necessário à pessoa.
Lembro, sempre, que tive que
ser forte ao profetizar vida e ministrar coragem, no leito de morte, ao meu
avô, na noite em que ele faleceu, em sua casa. Minhas próprias palavras naquela
noite, de vez em quando, ainda ecoam na minha mente:
- “Sou sua neta, mas venho
aqui como serva do Senhor, dizer que Ele te quer perto dele. Não tenha medo. Eu
profetizo vida, vida, vida na sua vida. Olhe nos olhos Dele. Quando o senhor olhar
nos olhos Dele, só vai ver a Vida”.
Lembro-me de ele ter dito
“amém” com muita dificuldade, pois não conseguia, mesmo, ficar falando àquele
ponto. E, em seguida, tendo os olhos fechados, sorriu com muita sinceridade,
num ápice de esperança. Antes, tudo o que conseguia expressar eram gemidos. E
ele sempre foi muito bravinho. Não teria sorrido se não tivesse visto algo com
muita clareza.
(Aposto que foi o Senhor).
Depois de cerca de três ou
quatro horas, ele se entregou e partiu.
E, quando manejei seu corpo
inerte, ajudando a família a vesti-lo para o velório, sabia que era só a
“casquinha” dele. Seu espírito já estava com Deus. Não foi tão difícil quanto
achei que seria.
(...)
Na sala hospitalar, orei pelo
tio da minha amiga conforme me dirigiu o Espírito Santo.
É verdade que ele estava
sedado, mas estou certa de que podia ouvir tudo. Do contrário, Jesus não teria
indicado um Salmo específico para ler a ele.
Com palavras dirigidas por
Deus, orava acalmando-o, e, então, comecei a ler o Salmo 25:
1.
A ti, Senhor, elevo a minha alma.
2. Em ti confio, ó meu Deus. (...)
3. Nenhum dos que esperam em
ti ficará decepcionado (...).
4. Mostra-me, Senhor, os teus
caminhos, ensina-me as tuas veredas;
5. guia-me com a tua verdade
e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o
tempo todo.
6. Lembra-te, Senhor, da tua
compaixão e da tua misericórdia (...).
7. Não te lembres dos pecados
e transgressões da minha juventude; conforme a tua misericórdia, lembra-te de
mim, pois tu, Senhor, és bom.
8. Bom e justo é o Senhor;
por isso mostra o caminho aos pecadores.
9. Conduz os humildes na
justiça e lhes ensina o seu caminho.
(...)
11. Por amor do teu nome,
Senhor, perdoa o meu pecado, que é tão grande!
(...)
15. Os meus olhos estão
sempre voltados para o Senhor, pois só ele tira os meus pés da armadilha.
16. Volta-te para mim e tem
misericórdia de mim, pois estou só e aflito.
17. As angústias do meu
coração se multiplicaram; liberta-me da minha aflição.
18. Olha para a minha
tribulação e o meu sofrimento, e perdoa todos os meus pecados.
(..)
20. Guarda a minha vida e
livra-me! Não me deixes decepcionado, pois eu me refugio em ti.
(Salmo 25:1-20)
Terminei assim: “tu és o Deus
da minha salvação”.
Tive a certeza de que ele
ouvira tudo e recebera a presença e o perdão do Senhor em seu espírito, e
estava em paz para partir.
Antes disso, havia recebido a
visita e o amor de sua filha, dos queridos da família, e de amigos.
Então, atrás de nós, havia um
rapaz no leito, chorando. Ele ouvira toda a oração e o Salmo recitado, e havia
sido tocado pela Palavra.
Eu e minha amiga fomos,
então, conversar com ele, e perguntamos se ele gostaria de receber uma oração
também.
Ele respondeu afirmativamente
com a cabeça, em lágrimas.
Praticamente, só tivemos
tempo de proferir duas frases-chave para a operação de uma cura. Minha amiga
disse: “1. você crê que Jesus tem poder para te curar?”. Ele respondeu que sim.
E eu, em seguida, falei: “2. Jesus fez milagres na terra para provar que
Ele era o Filho de Deus”.
De repente, surgiu um
policial na porta, ostentando sua arma, e ordenou que parássemos de falar com o
rapaz.
Disse: - Ele não pode falar
com ninguém; está preso.
Minha amiga: - Mas é apenas
uma oração.
Policial: - Se ele realmente
quisesse oração, teria buscado lá fora.
Eu: - Por favor! Ele pediu!
Policial: - Não. Podem parar.
Ou vou ter que tirar vocês daqui. Agora quem vai recebê-lo é Deus ou o capeta.
Fitei aquele policial nos
olhos por alguns segundos, procurando algum temor de Deus que pudesse fazê-lo
se retratar. Mas não havia nada.
Então, abaixamos a cabeça e
fizemos silêncio.
Os visitantes dos outros
pacientes observavam tudo, atônitos.
Quanto a mim, não querendo
contrariar o policial, me virei de costas novamente (para o rapaz; de frente
para a cama do tio), e comecei a orar num tom de voz que podia ser ouvido pelo
moço:
“- Senhor, cumpre teus
propósitos e traz cura para todos os enfermos deste quarto. Que eles se
levantem da cama, e, quando eles se levantarem, que comecem uma vida nova contigo.
Faz tua obra na vida deles. Eu creio. Espírito Santo! Vem nesse lugar. Faz tua
obra”.
Depois, olhei para trás, onde
estava o policial. Às vezes, ele nos espiava, para verificar se teríamos a
ousadia de desacatá-lo. Em determinado momento, vi que ele havia se virado de
costas.
Bem rapidamente, peguei um
pouco do óleo de unção que passara no tio, untei meus dedos, virei-me, e passei
bastante óleo na testa do rapaz.
Fiz isso para ativar sua fé,
e manter viva a sua esperança.
Afinal, não importa o que ele
tenha feito; Deus ainda tem uma história para escrever em sua vida.
Também compreendi a postura
do policial, embora ele tenha exagerado nas palavras. Entendo seu comportamento
rude, pois seu ofício é penoso, e seus colegas são assassinados por esses
bandidos, que os odeiam e matam só por prazer, só para “ver o tombo”.
Aliás, como bem observou o
irmão da minha amiga, depois, o tio estava internado no meio de dois bandidos, assim
como Jesus foi pregado na cruz entre dois ladrões.
Se eu fosse a pessoa lesada
pelo crime do rapaz, e dependendo do tipo de crime, talvez, desejaria vê-lo
morto, em minha mentalidade, razão e justiça humana.
E tudo isso me fez refletir
sobre a GRAÇA das Boas Novas da Salvação de Deus.
Um dos ladrões na cruz disse
a Jesus:
“- Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reino.
Respondeu-lhe Jesus: em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”
(Lucas 23:42-43)
Este ladrão não teve tempo de
reparar seus erros. Ele sequer pôde pedir perdão ao ofendido pelo seu crime,
porque morreu pendurado naquela cruz (talvez, sem receber visita nenhuma à
beira da morte).
No entanto, Jesus garantiu a
Ele que, por crer nele e recebê-lo como Salvador, teria ingresso garantido no
seu Reino.
E é exatamente isso que
diferencia nosso Evangelho das falsas crenças: a GRAÇA.
“Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
(Efésios 2:8)
Em outros tipos de doutrinas,
você aprenderá que pode evoluir por suas obras; que, pelas boas obras, o mundo
pode ser transformado; que estamos em constante evolução; que passaremos por várias
vidas e poderemos, sempre, desenvolver nosso ser; blá blá blá...
São crenças antropocêntricas,
focadas no que o Homem pode fazer, no que o Homem pode vir a ser, no Homem como ser divino, no Homem que passou para o outro lado e pode ajudar o Homem na terra, etc. E
quem diz a palavra final, nesse tipo de ensinamento, é sempre o “Homem”. Pouco importa a Palavra de Deus.
De fato, são doutrinas muito
confortáveis e salutares ao ego, pois não confrontam o ser humano no seu pecado
como problema central, e não o convocam a se arrepender de sua rebelião contra
Deus. Não contemplam o sacrifício de Cristo como apto a nos purificar dos
nossos pecados. Não valorizam o seu sangue derramado, o poder da cruz de Jesus para
nossa Salvação.
Muitos, envaidecidos no seu
humanismo, fazem suas boas obras, e, estão tão empenhados e ocupados no fazer e acontecer,
que acabam se esquecendo de detectar suas próprias vaidades, seu orgulho, e as
intenções do seu coração.
São homens que, em sua
cegueira espiritual, veem-se como tão perfeitos, justos, retos, que não
precisam de arrependimento, não precisam se curvar diante de Deus. Pois são tão
altruístas e evoluídos!
Assim o diabo os engana:
“quem precisa de um Deus que morre de forma tão humilhante numa cruz? Filho de
Deus? Deus Encarnado? Ora, deixe disso! Vamos inventar outra coisa: vamos dizer
que ele é um grande mestre, uma alma evoluída! Assim, ninguém poderá negar que
somos amigos de Cristo.”
Pobres almas iludidas no
engano! Mas, com Jesus, todas as máscaras caem. Ele perscruta o nosso interior
com seu olhar. Diante dele, toda justiça e retidão humana são como trapos da
imundícia.
“Pois todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos
como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam.”
(Isaías 64:6)
O que dizer de um ladrão
miserável na cruz?! Que viveu sua vida na miséria dos seus pecados! Teve uma
vida totalmente infeliz. Errou, e pagou pelos seus erros, como, aliás, deve ser.
Afinal, “o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).
Sem deixar as consequências
de nossas escolhas de lado, a par disso, aquele ladrão teve um encontro
verdadeiro com o Filho de Deus, o Messias. Viu a operação da GRAÇA em sua vida,
em seus momentos finais na terra.
Ele sabia que morreria, que
merecia o julgamento pelo seu pecado.
“Nós estamos sendo punidos
com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este
homem não cometeu nenhum mal".
(Lucas 23:41)
Mas, naquele momento, viu
que, TÃO SOMENTE PELA PURA GRAÇA, sua alma e espírito poderiam ser salvos para
sempre.
Ele poderia, naquele mesmo
dia, ir morar para sempre em um lugar onde seus erros seriam perdoados, e ele
seria, para sempre, Amado por Deus. Ali, encontraria sentido para a eternidade
dos seus dias. O sentido estava naquele Homem Misterioso que se derramava em
oferta voluntária de sangue, ao seu lado.
Era Jesus, o Filho de Deus, que,
tendo derramado seu próprio Sangue como libação, assumiu completamente o fardo,
a culpa, a punição dos nossos pecados, e ofereceu, por sua própria Vida
entregue ao Pai, o perdão total das nossas dívidas.
Esta é a operação da GRAÇA,
maravilhosa GRAÇA, a qual não podemos entender, mas apenas experimentar por nós
mesmos.
Quem mereceria ser salvo?
Quem é perfeito? Quem nunca errou na vida? Todos nós estamos repletos de
pecados (manifestos ou ocultos). Mas esta GRAÇA é derramada sobre nossas vidas
gratuitamente, sobre todos que a quiserem receber, sem acepção de pessoas.
Da mesma forma, eu pude ver
as lágrimas de arrependimento escorrendo na face daquele bandido, aquele rapaz,
aquele traficante ou assassino, seja lá o que for, e vi que eram lágrimas
verdadeiras, produzidas pela ação do Espírito de Deus.
Tenho certeza de que Deus
quer (muito) atrair aquele homem para si, mudar sua vida, dar uma história
feliz para ele, apesar de todo o seu passado miserável. E continuo orando por
isso. O nome dele é Marcio.
Quanto à minha tia-avó, Deus
me permitiu ter um sinal de que ele estava vindo buscá-la. Durante minha última
visita, ela disse, do nada, que Jesus tinha vindo falar com ela naquele quarto.
Então, eu saí em paz de
espírito dali, bem certa do local para onde ela estava indo.
Dois dias depois das duas visitas,
o tio de minha amiga faleceu, e minha tia-avó também, quase que ao mesmo tempo.
Fui aos dois velórios, na sexta-feira (dia 11 de maio de 2018).
Foi um bom tempo de reflexão.
No velório do tio, o pastor
citou Eclesiastes:
“Melhor é ir à casa onde há
luto do que ir a casa onde há festa; porque naquela se vê o fim de todos os
homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.”
(Eclesiastes 7:2)
A mais pura verdade.
A maioria das pessoas só
busca a Deus no momento da aflição, ou nunca o buscam; aí, já é hora de partir
e prestar contas ao Doador da vida, e, então, é tarde demais.
Gosto de ministrar àqueles
que estão partindo em Cristo. São privilegiados, pois estão deixando as aflições deste
mundo corrompido pelo pecado, e indo para a vida eterna com o Desejado da nossa
alma.
Mas, e os vivos sem Deus? Preocupo-me
constantemente com estes. Estão iludidos demais com a bênção da vida, ao ponto
de se esquecerem da morte.
Terminei essa semana
implorando ao Senhor: “o meu tempo aqui é curto. Estou apenas de passagem. Ajude-me
a cumprir TODA a sua vontade, e a fazer TUDO o que o Senhor ordenar que eu
faça. Ao fim da vida terrena, eu quero dizer:
“Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e
não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”
(2 Timóteo 4:7-8)
E, por fim, ontem (sábado),
fui ver o filme “Paulo, Apóstolo de Cristo” no cinema. Sim, o autor da frase
acima.
Todos deveriam conhecer sua
história. Ela nos mostra exatamente como um homem inclemente e pecador veio a
tornar-se o maior apóstolo de Cristo. Sobre si mesmo, ele dizia:
“Fiel é esta palavra e digna
de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais sou eu o principal.”
(1 Timóteo 1:15)
E:
“Onde abundou o pecado,
superabundou a GRAÇA.”
(Romanos 5:20)
E, de lá, saí ainda mais
tocada, em lágrimas, pois o filme foi maravilhoso, e falou, o tempo todo, da
vida eterna.
A vida eterna...
Como anseio pelo meu encontro
com Cristo...
“Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é lucro.”
(Filipenses 1:21)
Estou aqui só de passagem...