Aqui creio que estava me arrastando por algo que deveria ser uma vida...
Nada mais fazia sentido para mim...
Viver ou não era indiferente...
Pensamentos suicidas permeavam minha mente... tristeza e mais tristeza!
As horas são frações de segundo,
Incontáveis fragmentos a pulular
De hora em hora,
Independem de agora, amanhã ou outrora,
Enlouquecem as ampulhetas
E os fusos do mundo.
As horas detêm-se na janela da sacada,
Apenas tornam mais frio o vento,
Prolongam uma estadia na pousada
Do tormento, riem-se de ti
À medida que choras.
As horas deixam no chão as malas,
Perfazem agora duas escalas,
Cinco horas pela estrada principal.
Fazem dançar o Sol nas alas,
Pintam de cobre as calhas,
Zombam de ti no relógio pedestal.
As horas fazem vidro do pó
E pó dos corpos decompostos,
Amarelam do álbum as fotos,
No beiral cobrem de folhas
O casarão.
As horas escolhem os vôos certos,
Deixam os vãos de janela abertos,
Para que os raios matinais e o ocaso
Revezem-se sem saudação.
Sufocam uma lágrima no chá das cinco,
Trazem-na no final da madrugada.
Levam a razão do labirinto à cilada,
Impõem, austeras, à noite, seu recinto. (opressão maligna)
As horas são atrozes e nos desencontram
Os falares.
Cedem memórias aos lugares e nos
Velares nos cumprimentam.
Dos tolos que sua ordem afrontam
Dão cabo e os desorientam.
As horas desvairadas
Consomem a tinta, o corpo,
A tocha, a rocha,
O óleo, a flor,
O vigor, o equilíbrio.
Minha verdade se esvai, (desespero)
Porque o relógio a distrai,
E das horas passadas
Passo a entender
O ludíbrio.
Lúcia R. Pastorello e Silva - outubro/2009
::: Muito lindo, Lúcia. Cada vez que passo aqui, fico algum tempo apreciando os textos. Parabéns, querida!
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