Aqui estava a buscar algum sentido para meus dias na beleza do mundo natural, mas enlouquecendo em minha depressão...
Um coração angustiado e empedernido era a minha marca.
Foi um período muito triste de minha vida...
Do caderno mais uma folha arrancada,
Atirada ao cesto de vime.
No piano, breve nota gorada,
Que intendeu a soar sublime.
Pela janela, solo forrado.
Laranja-terra e os galhos.
Folhas de maple e carvalhos
Frente ao atalho
Recôndito.
E as brumas.
Ai de mim, nesse quarto
E pela fresta,
Por onde me tocam
Covardes ventanias, (opressão demoníaca)
Silêncio oculto da floresta,
Por que tardas em
Demasia?
Demoram-se as folhas a cobrir
O chão.
Relevam a angústia do meu coração
Enevoado,
Empedernido, seixo incrustado (sem esperança)
Em rochedo incorrompido.
Como o abalo das árvores que
Não se iniciou.
E a luz solar que não irrompeu.
Nem a aurora,
Não irradia como outrora,
Quando os verões mediavam (tristeza)
As estações.
Rindo da velha vassoura
De palha, e do balanço enferrujado, (loucura)
Bailando ao vento, o assento
Molhado,
D'orvalho a respingar
Do arbusto folhento.
Pingos e lágrimas
Clorofiladas; encerram segredos,
Umedecem o tempo.
Frente ao balanço, no banco de pinus,
Gotas e cores
Esmiuçadas.
Refletidas do laranja, vermelho e
Castanho.
Ah, floresta caducante.
Abriga ela, com o abraço
Frondoso, também os galhos
Do cervo saltitante.
Alaranjado chão de decadência
Outonal.
Esplendor de consciência a zombar (sentimentos confusos)
Do amor.
Estalam passos ressequidos,
Errantes,
Enquanto rumo ao carvalho principal.
Sem poesia, a partitura pertinente.
Toca o violino suavemente.
Range o balanço
Sem criança,
No abandono.
Velha apatia, amiga serviente.
Olhar que silencia e consente. (vigilância maligna)
O chá das cinco
E, na janela
Outro outono.
Lúcia R. Pastorello e Silva - setembro/2009
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