domingo, 20 de setembro de 2009

Poema III - Ânsia

Aqui eu estava confusa a respeito da vida, e também acerca da ideia de Deus...
Eu queria falar de Deus nesse poema, e encontrá-lo, mesmo sem conhecê-lo!
Talvez o que eu estivesse querendo alcançar com estas palavras fosse a paz que excede todo entendimento (Filipenses 4:7), que só pode vir do Senhor, e o batismo do Espírito Santo...
Mas como eu saberia na época?
O Evangelho nunca havia sido pregado para mim...

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero um lugar ao sol
Onde possa me sentir mortal
E cantar junto a meus irmãos.

Quero celebrar esse mistério,
Correr os campos, ser corcel selvagem,
Sobrevoá-los como a águia esbelta,
Deles viver como a gente da terra,
Plantar o fruto e colher a vida
Nos cemitérios das gerações.

Quero o suor do trabalho
A dor do parto
O choro da criança
O êxtase da carne
A cicatriz da luta
A paciência do monge
O halo da santidade.      (ansiava por santidade)

Eu quero o belo, eu quero o santo
A ânsia da juventude
O limite da decrepitude
O orvalho da flor mais bela
O cimo da serra
Um refúgio para descansar     (esse refúgio é Jesus Cristo)
Água pura da bica gélida
O âmago das camélias
O arrepio do vento
Vindo dos monastérios.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero rir-me das contradições
Quero a chave do jardim secreto
Andar no teto, voar no abismo
Quero o branco da pomba divina     (desejo pelo Espírito Santo)
A vida curta da parafina
Eu quero o toque dos dedos mornos
O quente
O frio
O fôlego da vida.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero o canto do violoncelo
O paladar do beijo cálido
O desespero do naufrágio
Contemplar a pureza magna
Do altar da vida,
Sangue e ferida.          (o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado)
Sopro doce da visão onírica
Hálito novo de chuva no solo
Chão fértil, colheita pródiga
Anunciação de um novo mundo.

Eu quero o belo, eu quero o santo
Quero o badalar dos sinos,
Os vitrais da catedral
O sussurro dos cânticos
A seriedade do réquiem
A aquarela do pôr-do-sol.

Quero descansar nessa terra
Em que o trigo se esfarela
Gravar a verdade nas pedras     ("eu sou o caminho, a verdade e a vida" - Jo 14:6)
Para orientar os eremitas.  (espalhar a verdade)

Quero um lírio branco entre as mãos
O refrão do coral dos anjos          (os anjos existem para louvar a Deus)
Quero o suspiro do amor recôndito
A mudança das estações
O segredo que move o mundo,
Eu quero.

E tudo e nada não é suficiente
No entoar de minha canção premente, eu digo
Sem nenhum pesar ou espanto:
Eu quero o belo, eu quero o santo.

Lúcia R Pastorello e Silva - setembro/2009



2 comentários:

  1. ...magnitude no ser, bem condizente!

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  2. ...amo todas a suas poesias, mas acho que essa é muito especial, porque reflete um pouco da sua alma. ...você é peculiar em matéria de sentimentos!

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